“O Surf fez Jovem autista parar de tomar remédios”
Gabriel de Almeida Teixeira, de 8 anos, leva uma rotina normal. Entre os garotos que praticam surf na praia do Gaivota, ele é um dos mais novos – está há três meses. Entretanto, sua maior competição não é com os colegas: o jovem é autista e, graças à prática esportiva, conseguiu se livrar ao menos temporariamente dos remédios.
Os pais do garoto são Cristiane de Almeida Teixeira, de 41 anos, e Sidnei do Nascimento Teixeira, de 50. Eles contam a história de superação desde a descoberta da condição, quando moravam em Poá, no interior do estado de São Paulo: “Gabriel apresentou um quadro de deficiência educacional. No começo, as pessoas disseram que era a imaturidade da idade. Quando ele completou seis anos de idade, zerava em matemática, mas não conseguia fazer associação de letras”, disse a mãe.
“Além disso, ele tem um problema de equilíbrio. Ele caía e se quebrava facilmente, teve três fraturas no braço. O próprio médico dele dizia que não recomendava a prática de esportes de grande impacto, e sim algum que desenvolvesse o equilíbrio e a concentração”, prosseguiu Cristiane.
Aos sete anos, Gabriel começou a tomar remédios. Segundo os pais, isso ocasionou ganho de peso, aumento no colesterol, alterações cardíacas e outros efeitos colaterais, incluindo a visão. Tal cenário motivou a família a se mudar para um lugar que proporcionasse mais espaço para as atividades que ele precisava. “Desde que viemos para Itanhaém, a qualidade de vida dele aumentou bastante. Até então, ele estava sedentário”, disse Sidnei.
Então, os garotos conheceram o instrutor de surf Jânio Pereira, conhecido no meio pelo apelido de “Piolho”. Atualmente de férias, ele costuma dar aulas da modalidade na praia do Gaivota. “A gente tenta atender no projeto todas as crianças que nos procuram. Já tivemos outros casos de alunos com asma, bronquite. Alguns até se livram das bombinhas. O surf é muito benéfico para as pessoas. Já ajudamos até mesmo uma pessoa com depressão”.
Religioso, o professor fala sobre suas crenças: “Eu acredito muito em Deus, que ele mandou esse garoto para gente. Nossa missão é levá-lo para o mar com segurança”, disse Jânio. Além disso, ele destaca a vantagem de ter um cenário natural à disposição. “Nossa estrutura (do surf) é o mar. Somos privilegiados de morar num paraíso como Itanhaém”.
Convivendo com o autismo, Gabriel segue em frente nas atividades. Tímido, ele se sente mais confortável com a prancha. “O importante é a criança gostar da atividade. Os meninos me perguntam ‘Mas ele não falta?’. A vida dele mudou. Ele sabe que o esporte faz bem para ele, já faz parte da rotina”, disse a monitora Nadir Aparecida Andrade. “Tem sido um grande desafio para gente, nunca tinha visto um caso como o dele. Temos que continuar trabalhando para que não volte aos remédios”.
O coordenador do programa Aqui Tem Esporte, professor Fernando Xavier, também destaca a importância deste aprendizado. “Casos como este do Gabriel movem o nosso trabalho. Queremos levar o exemplo adiante. O esporte é fantástico por causa disso, além de ser benéfico para a saúde, trabalha com disciplina, segurança (evitando que as crianças fiquem ociosas), então é ótimo para a comunidade”.
Sabendo que este é apenas um caso entre muitos, Cristiane faz um apelo às outras mães. “Não tenham medo de encaminhar seus filhos ao esporte. Se puderem abraçar, acompanhar, seria ótimo. Vejam qual modalidade o seu filho pode praticar, a mais indicada. Desde que ele entrou na água, adorou e fica por horas sem cansar. O médico disse que a melhor coisa que eu fiz foi colocá-lo no surf”.
Divulgação: Site da Prefeitura
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