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Baixada Santista. Diretor: José Faustino Neto

Prefeito Katiá quer levar a Sabesp para Barrinha

Água a peso de ouro

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Katiá pode passar concessão de água para empresa privada. Moradores serão castigados com altas tarifas de água e esgoto! Entenda o caso.

A Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, é uma empresa de capital misto, que detém a concessão dos serviços públicos de saneamento básico no Estado de São Paulo. Sua atuação vai além dos 300 municípios do Estado, incluindo a capital. A taxa resulta na cobrança de água e esgoto – mesmo que não haja qualquer tipo de tratamento -, e, suas tarifas são por vezes exorbitantes. A inadimplência no pagamento, após 30 dias, leva no corte do fornecimento, independentemente das condições da residência, seja por motivo de desemprego, doença, ou qualquer outro. Em alguns casos, demandas jurídicas até resolvem, mas são sempre tratados como casos isolados.

“Aqui temos água mineral de excelente qualidade nas torneiras dos moradores, diretamente extraída do aquífero Guarany. Trazer a Sabesp para cá, vai acarretar custos desnecessários para a população que já vem sofrendo muito com a grave crise que assola o país. Hoje, há um desemprego em massa, o crescimento da inflação é real, basta ver os preços dos produtos básicos, enfim, sou contra essa atitude porque estou a favor do povo”, disse Adilson Barroso

A vinda da Sabesp para Barrinha – como pretende o prefeito Katiá – é um retrocesso ao município, uma vez que a qualidade da água fornecida é de excelência pra cima, pura e mineral, pela dádiva do aquífero Guarany, que passa no subsolo. Devia-se proceder investimentos e preservar as condições naturais para melhorar o fornecimento, com geração de tarifas, mas, não deixar a critério de uma empresa que está a uso do Governo. Essa, questão em si, deixa dúvidas ao fato dessa negociação estar atrelado a questões partidárias, e benefícios de bastidores, uma vez que o controle da Sabesp tem influência direta do Governo do Estado, e ambos são ligados ao PSDB, hoje também o partido do prefeito. Ocorre, que daqui há alguns anos, o mandato se esvai, e fica a herança amarga de termos vendido um dos nossos bens de maior valor: a nossa água.

A quem interessa colocar a Sabesp em Barrinha?

É importante cada cidadão barrinhense ter a plena consciência do que irá enfrentar com essa nova fase, se de fato, o fornecimento de água for passada para a concessão da Sabesp. Tomemos um exemplo – de cidade do interior -, como o município de Glicério. A água tem um preço de R$ 22,38 por metro cúbico, e o esgoto – que nem sempre é tratado -, mais um custo de R$ 17,95 por metro cúbico, totalizando assim, o valor da conta mensal de R$ 40,33. Isso significa que cada morador que tiver consumo entre zero a dez metros cúbicos por mês, terá o valor dessa taxa mínima. A partir daí, segue um escalonamento onde de 11 a 20 metros cúbicos será acrescido de R$ 3,12 de água e 2,47 de esgoto, totalizando o valor de R$ 5,59 por metro cúbico excedente; e, se atingir um equivalente de 21 a 50 metros cúbitos, será cobrado R$ 4,80 de água e R$ 3,87 de esgoto, num total de R$ 8,67 por metro cúbico excedente. E, no caso de ultrapassar os 50 metros cúbicos serão cobrados R$ 5,05 de água, e R$ 4,57 de esgoto, totalizando assim o valor de R$ 9,62 por metro cúbico excedente.

De acordo com dados mundiais de consumo, o gasto médio de água, tratada e encanada, está em torno de 5,4 m³ por pessoa/mês. Isso na prática significa que uma residência com seis moradores terá um consumo estimado em  32,4 m³ por mês. Dessa forma – com base na explanação supra -, teríamos a taxa mínima de R$ 40,33 equivalente aos 10 m³ + (22,4 de excedente x taxa correspondente de R$ 8,67, que seria igual a R$ 194,20), totalizando assim o valor de R$ 234,53.

O que o prefeito ganha com isso?

Um prefeito eleito pelo povo com alto grau de preferência tem o aval para fazer as mudanças necessárias, desde que seja para o benefício da cidade e seu povo. É notório que no caso, a Sabesp, não traz nenhum tipo de benefício para o povo, exceto talvez para o próprio interessado em fazê-lo, já que a Sabesp é uma empresa controlada pelo Governo do Estado – que é PSDB -, e o Executivo interessado também com um gestor que está ligado a mesma legenda. Coincidência ou não, é fato que o bastidor pode esconder acertos e negociações, até lícitas e viáveis do ponto de vista pessoal, porém, adversa ao interesse coletivo.

Mas, sem dúvida alguma o maior interessado nesse acordo com certeza é o Governo do Estado. A Sabesp é uma empresa que gera lucros exorbitantes e com isso consegue atender a demanda de interesse do Governo do Estado, entre outros. O prefeito que faz essa transição está no meio dessa negociação, tem suas razões para a defesa dessa instalação, mas, com certeza a idéia não se compartilha com os ideais do povo.

Outro fator a ser observado é que a Sabesp cobra por blocos, sendo a tarifa mínima de zero a 10 metros cúbicos, depois de 11 a 20, e de 21 a 50. Isso que dizer que se o morador gastar apenas dois metros cúbicos de água, vai pagar por 10 metros cúbicos, ou seja, oito metros a mais independente do consumo ou não. Esse método é inconstitucional e indevido, uma vez que vai contra os princípios instituídos pelo código do consumidor, onde se paga por um produto que não se usa.

Caixa Padrão Sabesp – Se a Sabesp de fato se instalar na cidade, nada será como antes. Prepara-se para gastar com a compra da Caixa Padrão e com a mão-de-obra do Pedreiro na instalação. Não basta apenas a ligação de água, existe toda uma dinâmica, um sistema a começar pela caixa padrão de entrada, que precisa estar rebocada, alinhada, dentro das medidas estipuladas, ou então a instalação da água não é feita.

Religação – Também é preciso ficar atendo porque a Sabesp não admite inadimplência, seja qual for o motivo. Passados 30 dias, vem o corte sem exceção e a religação acarreta taxas excedentes acrescidas no pagamento da conta. Como o corte e a religação geralmente é feita por empresas terceirizadas, nesse quesito tudo é feito de forma rápida e eficiente, sem ter muito o que se fazer. O escritório funciona para atender o cliente que tem reclamações, pedidos de ligação, problemas de pagamento, e outros; enquanto que o sistema operacional segue à parte.

E a qualidade, vale a pena?

Em razão do preço a Sabesp deveria fornecer água de excelente qualidade, mas, nem sempre é assim. O Youtube traz vídeos com inúmeros relatos de fornecimento de água suja, poluída, de má qualidade. É claro que isso não é generalizado, contudo dada a cobrança é problema a ser analisado. Quanto ao esgoto, são poucas as cidades onde o município é servido de estação de tratamento, na maioria das vezes, segue-se sem qualquer controle, por vezes  há até denúncias  e relatos de rejeitos com fezes serem jogados em córregos e rios, poluindo o meio ambiente. Outra reclamação existente em várias cidades é o excessivo cheiro de cloro na água, chegando inclusive – em alguns casos – a ser ruim para se ingerir.

Cuidado pra não pagar pelo “ar” da tubulação da Sabesp.

Os hidrômetros da Sabesp funcionam muito bem, registrando inclusive até o ar que circula por ele e cobrando  como água. Sim, isso mesmo, cobra-se ar como água. Então, é bom que o morador barrinhense tenha ciência de que para ter segurança na cobrança é preciso colocar um bloqueador senão vai ter uma conta bem mais alta, sem ter consumido a água. Veja um exemplo no vídeo seguinte:

Mesmo assim, há uma polêmica a respeito do bloqueador de ar, uma vez que os testes indicam que onde não há uma vazão forte, pode inclusive também bloquear a água.

Na verdade, desde que o projeto seja aprovado pela Câmara dos Vereadores, o prefeito Katiá será o anfitrião da Sabesp, permitindo assim que a mesma se consolide no município como a responsável pela concessão de água e tratamento de esgotos – que não trata -, para então, iniciar uma nova fase, onde o povo terá que se adaptar a essa nova realidade. Bom seria,  que houve métodos de tratamento, de medição, critérios para cortes, etc, mas, permanecendo tudo sob o controle administrativo da própria cidade. Agora, se aprovado, é pagar para  se ver e torcer para que no futuro o povo não lamente por essa omissão.

Quer alguns exemplos? Veja os vídeos:

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Água? Isso não te pertence maaaiisss…..

É claro que pra tudo na vida há uma adaptação, e caso se confirme a chegada da Sabesp no município, o impacto virá nos primeiros momentos, a começar pela instalação das caixas padronizadas, pelo preço no consumo da conta, pelos costumes de anos a fio lavando calçadas, veículos, varandas e casas. Nada disso, poderá ser feito sem que haja uma análise mais profunda de custo, isso para que não haja uma surpresa daquelas de cair de costas.

Diante da crise de água que afeta o mundo, inclusive o Brasil, é notório que economizar faz parte de uma cultura que precisa ser revista e aprendida por todas as classes sociais, crianças e adultos, no entanto, o projeto para a cidade poderia ser outro que não onerasse tanto impacto, haja visto estar diante de uma benção de Deus, em razão da fartura e qualidade existente no município. Medição e cobrança é justo, o que se critica no momento é a política praticada pela empresa que vê números e índices nas bolsas de ações do Brasil e Nova Yorque, enquanto que políticos por vezes os benefícios através de construções e indicações geradas pelo poderio da empresa, na prática controlada pelo próprio Governo do Estado.

Triste realidade, mas ainda que o jovem esteja pensando em dar aquela lavada no carro antes de se encontrar com a namorada, é bom pensar. A dona de casa que estava acostumada todos os dias lavar a varanda a calçada, também é bom refletir; e, aquele banho demorado, horas no chuveiro, agora nem pensar. Como dizia a Gislaine no Zorra Total: “Isso não te pertence maaaais”. O momento é outro.

Uma pergunta que fica no ar. O que fazem os vereadores da cidade, será que se omitirão em decisão tão importante? Numa democracia plena, eles seriam o equilíbrio, os eleitos pelo povo para defender o interesse popular, ser o guardião dos interesses da cidade. Ou talvez poderiam ser mais alguns alunos de Maquiavel adeptos do lema “os fins justificam os meios”.

É, talvez – para casos iguais a esses – em algum lugar o filho todo poderoso ainda esteja intercedendo ao pai dizendo: “Perdoai-os porque eles não sabem o que fazem”; mas será mesmo? Bem, algum dia talvez chegue aquele momento em que seja dito: “Apartai-vos de mim, malditos… “. Destarte, é bom ratificar que o povo é prioridade, porque os nossos filhos, netos e bisnetos são herança divina para os quais temos que deixar um bom legado.

Cesar Augusto Alves de Lima

 

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